Enquanto o Governo das Maldivas leiloa 16 das suas mais de mil ilhas, o Ritz-Carlton (na foto) abre o seu primeiro resort neste arquipélago, a 1 de junho.
As Maldivas estão a ‘dar tudo’ neste desconfinamento, escreve a jornalista Catarina Nunes na crónica ‘Sem Preço ‘ desta semana.
As Maldivas podem não estar a dar tudo, literalmente, mas estão a dar o máximo para atrair visitantes. Leilão público de ilhas, abertura do primeiro Ritz-Carlton, oferta de vacina contra a covid-19 e de programa de fidelização aos turistas são alguns dos incentivos que as Maldivas esperam que as torne no destino de eleição neste desconfinamento.
Provavelmente isto pouco terá a ver com a corrida de portugueses a estas ilhas no oceano Índico, mas os operadores turísticos nacionais nunca venderam tantas férias nas Maldivas como agora, segundo uma notícia da jornalista Conceição Antunes, no Expresso Diário na quarta-feira, 2 de junho. A surpresa é grande porque se trata de um destino de nicho, sem voos comerciais fretados a partir de Portugal e com custos muito acima da média nos destinos de praia.
O spa ‘flutua’ no meio das villas e utiliza ingredientes locais, como areia aquecida, ervas nativas e cocos frescosO spa ‘flutua’ no meio das villas e utiliza ingredientes locais, como areia aquecida, ervas nativas e cocos frescos Dr
O que é facto é que o arquipélago das Maldivas está com uma fortíssima ofensiva de dinamização do turismo nas suas cerca de 1200 ilhas, na esmagadora maioria desabitadas. A iniciativa mais recente extravasa o simples conceito de ir de férias e dirige-se aos mais endinheirados, que sonham em ser donos de uma ilha paradisíaca. Até quinta-feira, 10 de junho, os interessados podem apresentar a sua proposta junto do Ministério do Turismo das Maldivas, munidos da respetiva documentação necessária, a solicitar até domingo, 6 de junho, que custa 3.250 dólares (€2.670), não reembolsáveis se a proposta não for aceite.
O leilão é público e não tem estabelecido valores mínimos de licitação. Em causa está o leasing, durante 50 anos, de 16 ilhas e agrupamentos de ilhas, que se encontram entre os seus 26 atóis. Não comece já a sonhar livremente com uma cabana privada numa ilha de coral, com mar transparente, sem grandes gastos nem obrigações. Os interessados têm de cumprir um exigente caderno de encargos e investir, no mínimo, 250 mil dólares (€205 mil), o que os torna, automaticamente, candidatos a um visto de residência nas Maldivas, durante cinco anos.
As villas oceânicas do Ritz-Carlton têm piscina privada e acesso direto ao mar.
Apesar de apenas 203 ilhas (das mais de mil que compõem o país) serem habitadas, este leilão não tem em vista angariar novos moradores, mas antes captar investidores em turismo. Os licitadores têm de assumir o compromisso de desenvolver um resort , que cumpra requisitos como construções no máximo em 30% da área total e abaixo da altura das árvores - que não podem ser abatidas sem autorização escrita do Ministério do Turismo – e obrigatoriedade de plantar duas árvores por cada uma que for derrubada. As infraestruturas têm de estar localizadas a cinco metros, para dentro, da linha de vegetação, respeitando a envolvência da natureza, entre outras exigências.
Este leilão, que visa igualmente contribuir na recuperação do impacto financeiro do coronavírus no turismo nestas ilhas, tem em conta não só o valor das propostas mas também questões sociais e ambientais, como a paridade de género nas equipas de funcionários e as emissões de carbono do projeto. Mais: as ilhas a leilão são apresentadas com um número mínimo de camas e com a indicação do direito de reclamação de terras, o que na prática significa a possibilidade de expansão das construções para solo oceânico, muito comum nas Maldivas, com os famosos hotéis sobre a água.
As villas na praia são outra das opções no Ritz-Carlton nas ilhas FariAs villas na praia são outra das opções no Ritz-Carlton nas ilhas Fari.
Tudo isto, porém, só será materializado num horizonte longínquo, com os futuros novos proprietários a terem um prazo até três anos para darem início às obras de construção. Pronto a estrear está o novíssimo Ritz-Carlton, o primeiro desta cadeia nas Maldivas, que abriu as portas a 1 de junho, nas ilhas Fari, a norte do atol de Malé, a 10 minutos de hidroavião e 45 minutos de speedboat, partindo do aeroporto internacional. O novo resort do icónico Ritz-Carlton faz jus à marca que ostenta. São 100 villas (umas sobre a água, outras na praia) com piscina e mordomo privados, além de atividades de imersão na cultura e natureza local, como aulas de cozinha e de artesanato, e observação de golfinhos e da vida subaquática, por exemplo.
As villas sobre a água estão construídas num círculo ovalado, em sintonia com o formato original das Maldivas, formadas por recifes de corais em ilhas vulcânicas, que podem ter lagoas no meio e bancos de areia. O spa, com nove salas de tratamento, ‘flutua’ no meio das villas e utiliza ingredientes locais, como areia aquecida, ervas nativas e cocos frescos. Também o Ritz-Carlton teve que cumprir um caderno de encargos (materiais pré-fabricados, painéis solares e métodos de construção sustentáveis, entre outros), estreando-se nas Maldivas num momento ideal, quando os viajantes internacionais procuram espaços abertos, natureza e distanciamento social, em destinos com poucos casos de covid-19.
O Maldives Border Miles é um cartão de fidelização de turistas, que acumula pontos com as entradas e pernoitas no paísO Maldives Border Miles é um cartão de fidelização de turistas, que acumula pontos com as entradas e pernoitas no país Dr
O Governo das Maldivas tem vindo a dar uma ajuda na captação de turistas. Em abril estabelece o objetivo de 1,5 milhões de visitantes em 2021, ao mesmo tempo que lança o programa 3V (visitar, vacinar e veranear, em tradução livre), em que oferece a vacina contra a covid-19 aos turistas à chegada. Já em dezembro de 2020 tinha sido pioneiro ao ser o primeiro no mundo a criar um programa de fidelização a um país, sabendo a importância de estar no topo das preferências dos viajantes, uma vez que dois terços do PIB das Maldivas dependem do turismo. O cartão Maldives Border Miles é semelhante aos cartões das companhias aéreas e dos hotéis, que acumulam milhas e pontos em cada viagem e pernoita, respetivamente.
O cartão de ‘visitante frequentemente acumula ambas as coisas, mas também passagens na fronteira e pontos extra se a visita ao país for por motivos especiais, como Lua da Mel e aniversários, ou em determinadas datas do ano. Os pontos acumulados com as entradas e pernoitas no país são convertidos em tratamento VIP à chegada e ligação direta aos serviços de hidroavião que fazem as deslocações entre as ilhas, bem como descontos nas compras Duty Free, entre outras regalias. O ‘alerta Maldivas’ está dado e os portugueses já responderam ao chamamento.
In https://expresso.pt/cronica/2021-06-04-O-que-e-que-se-passa-nas-Maldivas--ccf6af41
PS: Enquanto os Moçambicanos andam a matar-se uns aos outros nas Maldivas vai-se criando postos de trabalho e rendimento para as famílias
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