Lisboa, 25 Mai 2004(Lusa) - Por ocasião do centenário do nascimento de Pedro Homem de Mello, o autor de "Povo que lavas no rio", é editada uma antologia sua com prefácio de outro poeta, Vasco Graça Moura.
Esta antologia, editada com a chancela das Edições Asa, procura ser, segundo Vasco Graça Moura, "uma amostragem suficientemente ampla dos melhores momentos de um grande poeta português do século XX que está cada vez mais esquecido".
Esquecimento injusto, defende Vaco Graça Moura que organizou a antologia que inclui entre outros, os livros "Caravela ao mar" (1934), "Bodas vermelhas" (1947), "Miserere" (1948), "O rapaz da camisola verde" (1954), "Eu hei-de voltar um dia" (1966), "Fandangueiro" (1971) e "Expulsos do governo da cidade" (1979).
Afirma Vasco Graça Moura que não encontramos em Homem de Mello "grandes construções filosóficas, nem rebuscadas elaborações literárias, mas uma espécie de dança espontânea das coisas elementares".
Para Graça Moura, há no poeta que Amália Rodrigues tanto cantou, um "toque" de Federico García Lorca.
"Há nele [Homem de Mello]uma recuperação de acentos e inflexões do romanceiro como aconteceu com o Lorca do Romancero gitano, e de aspectos ligados a uma oralidade lírica, rítmica e prosódica, que vem de uma matriz popular assumida como congénita".
O poeta foi cantado, essencialmente, por Amália e Tereza Tarouca.
"Fria claridade", "Povo que lavas no rio", "Havemos de ir a Viana", "Cuidei que tinha morrido", "Rapaz da camisola verde", "Prece" ou "Grande, grande era a cidade" são alguns dos seus fados mais conhecidos.
O estudioso de fado, Luís de Castro, disse à agência Lusa que estes "são temas incontornáveis do fado".
"Homem de Mello enriqueceu o fado com o seu lirismo e soube, sem quebrar a tradição, inovar e evoluir", disse Luís de Castro.
Na poesia de Homem de Mello há "um sentido profundamente vivido do mundo interior" um mundo interior, explica Graça Moura, que se reconduz "a uma projecção do próprio corpo, numa tenção entre a angústia, o remorso, `a consciência de pecado', a culpa e a vertigem erótica".
Nascido no Porto em Setembro de 1904, Pedro Homem de Melo tornou-se uma figura conhecida através de programas televisivos sobre o folclore português, de que foi um acérrimo defensor.
A sua estreia literária aconteceu em 1934. Com cerca de 20 títulos publicados, actualmente esgotados, recebeu o Prémio Antero de Quental 1937 por "Segredo" e o Prémio Nacional de Poesia em 1973 por "Eu desci aos infernos", além de uma menção honrosa da Academia das Ciências.
"Poeta de alta estirpe", como o definiu Júlio Dantas, Pedro Homem de Melo faleceu a 05 de Março de 1984 na cidade do Porto aos 79 anos.
NL.
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Posted by: cheap jordans | 12-11-2010 at 02:59