Lisboa, 12 Mai 2004(Lusa) - A primeira biografia da fadista Hermínia Silva, na qual se revelam factos inéditos da sua vida, vai ser apresentada quinta-feira à tarde na Casa da Imprensa, em Lisboa, revelou à agência Lusa o autor.
A obra "Recordar Hermínia Silva" de Vítor Duarte Marceneiro - neto do também fadista Alfredo Marceneiro -, traça o perfil "de uma das maiores vedetas do Fado" que o jornal "Guitarra de Portugal" afirmava, em 1945, ser aquela "que o povo adora até ao fanatismo".
A obra será apresentada por Daniel Gouveia, membro do Conselho Consultivo da Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa que, no prefácio da obra, salienta o trabalho que exigiu "dias inteiros de consulta na Biblioteca Nacional" e a procura de fontes tanto documentais como iconográficas.
Vítor Duarte Marceneiro, que publicou anteriormente uma biografia sobre o seu avô, Alfredo Marceneiro, conta agora a vida de Hermínia Silva com "afincado talento", como refere Daniel Gouveia.
Em declarações à agência Lusa, Vítor Duarte Marceneiro, explicou que "através de entrevistas da fadista" encontrou muitas contradições, nomeadamente de datas, o que o levou a investigar, tendo encontrado "novos dados sobre Hermínia Silva".
A fadista nasceu em Lisboa a 23 de Outubro de 1907, seis anos do que vulgarmente consta nas biografias oficiais, data comprovado no livro pelo "acento de nascimento" citado.
"Há, neste campo, várias imprecisões nas biografias ditas oficiais", sublinhou o autor, acrescentando que sua pesquisa o levou a confrontar fontes, "fundamentalmente documentais", nomeadamente a imprensa da época.
"Houve jornais especializados em Fado, a par de outras publicações, nomeadamente o +Álbum da Canção+, pelo que há muito por onde investigar", disse.
Todavia, o investigador alerta "para a necessidade de confrontar informações, pois nem tudo o que parece é".
Esta biografia resulta "de uma aturada crítica de fontes" e "um levantamento de dados, contextualizando-os".
"Uma biografia tem de ser contextualizada, escrita com os métodos de hoje, mas inserindo a personagem na sua época".
No caso concreto de Hermínia Silva, essa biografia torna-se num estudo do século XX português até porque a fadista percorreu quase todas as épocas do século XX, nascendo em 1907 e falecendo a 13 de Junho de 1993, na cidade de Lisboa.
O livro, apresentado quinta-feira na Casa da Imprensa, faz parte de uma trilogia composta pelo volume dedicado a Alfredo Marceneiro, pelo dedicado a Hermínia Silva, enquanto o próximo se fixará na vida de Amália Rodrigues.
A obra intitulada "Recordar Hermínia" esteve para ser apresentada na Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa, mas "por diligências com a EGEAC" (empresa camarária responsável pela gestão de equipamentos e animação cultural) acabou por ser protelado.
A obra é ilustrada com inúmeras fotografias da fadista, caricaturas, manchetes de jornais e revistas da época, capas de discos e cartazes.
Há ainda uma sistematizada cronologia das actuações de Hermínia Silva em operetas e no teatro de revista, desde a sua estreia em 1929 na opereta "Ouro sobre Azul" na Esplanada Egípcia no Parque Mayer, em Lisboa, até à sua última actuação em 1976 na revista "Cada Cor, seu Paladar, no Teatro ABC também no Parque.
Vítor Duarte Marceneiro inclui ainda no livro "Recordar Hermínia Silva" a maioria dos fados que Hermínia criou, incluindo a famosa "Nova Antígona" que lhe valeu, em 1946, o Prémio do SNI (Secretariado Nacional de Informação) para Melhor Actriz de Comédia.
Neste quadro de revista a fadista "parodiava" a actriz Mariana Rey Monteiro que no Teatro Nacional protagonizava a tragédia de Sófocles.
A fadista também participou em vários filmes de cinema como "Aldeia da Roupa Branca" de Chianca Garcia (1938), "O Costa do Castelo" de Artur Duarte (1943), nos filmes de Henrique de Campos "Um Homem do Ribatejo" e "Ribatejo", respectivamente de 1946 e 1949 e, em 1969, em "o Diabo era Outro" de Constantino Esteves.
Em 1985 a fadista foi agraciada com a Medalha de ouro da Cidade de Lisboa, recebeu a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, e a Grã-Cruz da mesma Ordem honorífica.
NL.
Boa tarde,
Seria possivel me indicar um contacto da Fadista para a poder contactar directamente?
Com os melhores cumprimentos,
Andreia Leire
Posted by: Andreia | 02-06-2011 at 12:52
For me to hear Herminia Silva was a major discovery. Her voice and how clear every word is pronounced are really captivating. Listening to this great fadista is quite an experience!
Nothing of that sort exists in America, where trash music is converting masses into credulous fools.
A.M.
Posted by: Ark Mirvis | 01-08-2008 at 08:16
P.F. Sabe quando Hermínia cantou pela primeira vez o "Fado da Sina"? Caso tenha essa informação, peço-lhe o favor de ma enviar para o meu email.
Posted by: Luís Costa | 29-12-2007 at 17:18
Obrigado pela informação que serviu para mencionar, no meu blog, nas efemérides do da 23 de Outubro do ano de 1907 (e não 1913 como tinha) o nascimento desta grande fadista.
Posted by: looking4good | 23-10-2007 at 01:17
Como amante e estudiosa do fado me encanta saber que Portugal tem pessoas que se interessam em divulgar a biografias de fadistas. Grata por essas informações, eu só gostaria de saber se poderias me informar em que ano ela gravou ao vivo Para Lisboa esses fados.
01.Herminia Silva-Ao vivo(vinil) - A minha rua
02.Herminia Silva-Ao vivo(vinil) - Casa da mariquinhas
03.Herminia Silva-Ao vivo(vinil) - Fado da sina
04.Herminia Silva-Ao vivo(vinil) - Marinheiro americano
05.Herminia Silva-Ao vivo(vinil) - O goncalo
06.Herminia Silva-Ao vivo(vinil) - Sou miuda
07.Herminia Silva-Ao vivo(vinil) - Tu sabes la
08.Herminia Silva-Ao vivo(vinil) - Velha tendinha
Posted by: Jaira | 16-09-2007 at 12:40
Gostaria de perguntar, a tantos autores de biografias com mérito reconhecido, para quando uma homenagem, em jeito de biografia passada para livro de TRISTÃO DA SILVA, que foi um dos nossos maiores artistas, tanto na canção ligeira, bem como do fado. Este artista deixou-se tantos exitos, que estar agora a descreve-los, seria uma tarefa muito complicada, contudo e só para recordar, poderia inumerar apenas:- "Aquela Janela Virada P'ró Mar", "Maria Morena", "Em Cinco Minutos", "Ai Se os Meus Olhos Falassem", entre tantos outros. Ver uma biografia de Tristão da Silva, seria ver o seu talento, não só reconhecido, como ao fim de 29 anos após a sua morte, assistir ao ressuscitar de um grande nome da nossa cultura e identidade nacional.
Posted by: Joaquim Santos | 24-01-2007 at 14:58
Parabéns, obrigado pela óptima descrição do meu modesto trabalho.
Sempre ao dispor
Vítor Duarte Marceneiro
Posted by: Vítor Duarte Marceneiro | 15-06-2005 at 22:01
Parabéns, obrigado pela óptima descrição do meu modesto trabalho.
Sempre ao dispor
Vítor Duarte Marceneiro
Posted by: Vítor Duarte Marceneiro | 15-06-2005 at 22:00
isso ai ta muito 10
Posted by: Jhony | 04-07-2004 at 22:16