Lisboa, 17 Mai2004 (Lusa) - O Conselho do Fado congratulou-se hoje com a aprovação pela Câmara de Lisboa da proposta de candidatura do Fado a património da Humanidade, apelando à colaboração de personalidades académicas e incentivando as colectividades a apostar nos jovens.
A Câmara de Lisboa, aprovou sexta-feira, por unanimidade, a proposta elaborada pelo Conselho Consultivo da Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa, da candidatura do Fado a Património da Humanidade.
O Conselho do Fado solicitou, em comunicado enviado à agência Lusa, "a colaboração de algumas personalidades do mundo académico, relacionadas com esta forma de expressão, para a concretização da proposta, de forma a incluir o maior número de factores de justificação da candidatura".
Ainda sem confirmação, as quatro personalidades citadas pelo Conselho são a historiadora Maria Luísa Guerra, a etnomusicóloga Salwa Castelo-Branco, o musicólogo Rui Vieira Nery e o antropólogo Joaquim Pais de Brito.
A candidatura do Fado Tradicional de Lisboa à proclamação pela UNESCO como Obra Prima do Património Oral e Imaterial da Humanidade justifica-se, segundo o Conselho, "pelas suas múltiplas singularidades" que "envolvem várias linguagens" quer na forma, quer na "maneira de se apresentar".
Por outro lado, acrescentou o Conselho, o Fado Tradicional de Lisboa "encontra-se em risco de desvirtuamento".
O órgão consultivo lançou apelou ainda às colectividades, "onde jovens de todas as idades poderão conhecer e praticar esta forma de expressão", para incentivar a manutenção desta tradição musical.
Esta é uma preocupação do Conselho em trabalhar a dois níveis, por um lado com académicos - na definição da candidatura - e, por outro, com quem o canta e mantém assim viva uma tradição.
A maioria dos estudiosos considera que o Fado existe, como canção urbana de Lisboa, há cerca de 150 anos.
O grande desenvolvimento desta canção urbana foi inicialmente conseguido através do Teatro de Revista e, posteriormente, através da rádio.
Amália Rodrigues, falecida há cerca de cinco anos, foi a sua maior divulgadora além fronteiras, mas existem outras figuras de referência como Maria Severa, o guitarrista João Maria dos Anjos ou Pitrolino, que tocou guitarra portuguesa para dos Czares russos na primeira década do século XX.
A proposta de candidatura visa a defesa do "Fado Tradicional de Lisboa", ou seja, de todos os fados que se baseiam em três melodias: Corrido, Menor e Mouraria, com uma métrica própria de sete, 10 ou 12 sílabas em estruturas poéticas de quadras, quintilhas, sextilhas, decassílabos e alexandrinos.
Constituem o Conselho Consultivo da Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa os fadistas Carlos do Carmo e Vicente da Câmara, o construtor de guitarras Gilberto Grácio, dois representantes da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado e outros dois da Academia do Fado e da guitarra Portuguesa.
NL.
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