Lisboa, 10 Abr 2004(Lusa) - A segunda edição revista e aumentada da livro "Fado português. Songs from the soul of Portugal" de Donald Cohen, será apresentada, em Julho, em Lisboa.
O álbum, que inclui um CD com vários fadistas, procura "dar a conhecer um pouco da história do fado aos estrangeiros que se apaixonam por esta canção", disse à agência Lusa o autor.
Donald Cohen interessou-se pelo fado através da voz de Amália Rodrigues, que ouviu pela primeira vez há 40 anos, quando sintonizou ao acaso uma emissora de rádio nos Estados Unidos.
"Fiquei absolutamente fascinado pela música e depois das minhas aulas fui tentar comprar um disco", lembrou, acrescentando que descobriu uma colectânea editada pela Columbia com nomes como Maria Clara, Max e Hermínia Silva.
Entretanto, entrou em contacto com a comunidade portuguesa em Artesia e San José, na Califórnia, que o foi "guiando" entre nomes e estilos.
Desde a primeira vez que tomou contacto com o fado, Donald Cohen sentiu "emoções muito fortes" um sentimento idêntico quando escuta a música dos ciganos russos, Carlos Gardel, Hugo de Carril ou Mercedes Sosa, como afirmou à Lusa.
"Mas no fado esse sentimento é ainda mais profundo", acentuou.
"Fado português. Songs from the soul of Portugal", cuja primeira edição já esgotou, aborda não só os fados tradicionais, como os clássicos, musicados e a canção de Coimbra.
A esta "mistura" é que o investigador de fado, Luís de Castro, aponta o dedo, considerando que não distingue cada um dos géneros, tanto mais que em seu entender "a canção de Coimbra é autónoma".
O investigador português, apesar de considerar "uma mais valia para o fado a edição deste estudo em língua inglesa", sugere que "numa segunda edição há pontos da investigação que deveriam ser clarificados e mais correctamente apresentados".
Luís de Castro salientou à agência Lusa "a importância de um estudo que procura dar a conhecer o fado aos estrangeiros, tanto mais que constituem actualmente uma grande faixa do público aficionado".
"Hoje em dia, e depois de Amália Rodrigues, o fado marca cada vez mais presença nas plateias estrangeiras pelo que este estudo é relevante", frisou.
O livro é ilustrado com fotografias de várias épocas, desde a década de 1940 a finais do século XX e é acompanhado de um CD onde se incluíram 26 fados.
Donald Cohen justifica a selecção pelo número limitado que o CD permite, lamentando o facto de não ter podido incluir, entre outros, os nomes de Tony de Matos, Júlio Vieitas e Fernando Farinha.
O trabalho de investigação do catedrático norte-americano partiu da observação directa, dos fados que ouviu e procurou compreender, das casas de fado onde foi, para além das tertúlias fadistas a que assistiu nas suas várias viagens a Lisboa.
Referência também para o seu estudo foram as conversas com fadistas, músicos, aficionados e também a "troca de impressões" com os musicólogos Rui Vieira Nery e Salwa Castelo-Branco.
O investigador norte-americano disse ter "especial gosto" pelos fados tradicionais - Mouraria, Corrido e Menor -, mas considera "natural a evolução do fado que começa com os clássicos que partem desse núcleo original para uma nova vaga fadista" que admira.
Em seu entender os fados tradicionais e clássicos "são aqueles a que os estrangeiros imediatamente aderem pela sua melodia, tanto mais que não compreendem as letras".
Numa tentativa de dar a entender as palavras cantadas pelos fadistas, neste livro alguns fados conhecem uma versão inglesa. "Maria Madalena" (de Gabriel de Oliveira) toma o título de "Mary Magdelene", "Ah quanta melancolia" (Fernando Pessoa/Fado Bailarico) criado por Camané, é "Ah, so much sadness" e, "Tamanquinhas" (Frederico de Brito) intitula-se "Little Clogs".
"O Embuçado", de Gabriel de Oliveira, toma o título "The Masked Man", enquanto o fado popularizado por Max "Rosinha dos Limões" (Artur Ribeiro) é traduzido como "Little Rose of the Lemons" Para o investigador "no fado o essencial é a emoção que atravessa quem escuta e, essa, é tremenda para um estrangeiro".
Relativamente à ideia de propor o fado à classificação da UNESCO como Obra Prima do Património Oral e Imaterial da Humanidade, Donald Cohen considera a classificação por si só "praticamente a definição perfeita de fado"
Moro na Holanda e encontro-me presente de férias em Lisboa. Procurei o livro "Fado Português" de Cohen por todas as livrarias de Lisboa e nem sequer o ISBN me conseguem fornecer. Socorro! Gostaria de voltar para Amsterdam com o livro.
Obrigado,
Valdemar
Posted by: Valdemar Garcias | 24-08-2004 at 15:38