O músico Francisco Perez Andión, 72 anos, conhecido como Paquito, que acompanhou à viola fadistas como Alfredo Marceneiro, Amália Rodrigues e Mariza, morreu hoje em Lisboa, vítima de doença prolongada, disse fonte familiar.
Paquito era considerado "um dos melhores violistas, tendo a sua prestação sido uma mais valia para o fado", disse à agência Lusa, o investigador Luís de Castro.
Francisco Perez Andión nasceu em Vigo (Noroeste Espanha) a 12 de Fevereiro de 1932. Aos 12 anos mudou-se para Lisboa onde a família tinha dois restaurantes.
Paquito tomou contacto com o fado na Adega Perez, do seu avô, mais tarde herdada por seu pai e que tomou o nome de Retiro Andaluz.
"Na década de 1950 realizavam-se aí várias tertúlias, nas quais Paquito contactou com músicos, poetas e fadistas", disse Luís de Castro.
Os poetas Henrique Rêgo e Francisco Radamanto, os fadistas Fernanda Maria, Júlio Vieitas, Júlio Proença e João Maria dos Anjos foram os primeiros com quem fez amizade e acompanhou.
Aos 19 anos estreou-se como violista profissional na Parreirinha de Alfama.
Ao longo da sua carreira "acompanhou todos os grandes nomes do fado, tanto em Portugal como em várias digressões".
Berta Cardoso, Alberto Ribeiro, Fernando Maurício, Celeste Rodrigues, Fernando Farinha, Teresa Tarouca, Hélder Moutinho, Julieta Estrela, Mariza, Alfredo Marceneiro, Amália Rodrigues, Maria Amélia Proença, Mafalda Arnauth, Camané são alguns dos nomes que acompanhou.
A fadista Mariza disse à Lusa que "com a morte de Paquito se perde não só um valor para o fado como uma parte importante do seu património dada a sua rica vivência e grande conhecimento".
Mariza realçou "as qualidades humanas" do instrumentista a quem quis prestar uma homenagem no seu último concerto em Lisboa, no anfiteatro Keil do Amaral.
"Era minha vontade e cheguei a anunciá-lo, mas por razões de saúde o Paquito já não pôde estar presente", disse.
A sua prestação fica registada em centenas de discos, um dos quais gravado com Pedro Caldeira Cabral.
O corpo de Paquito estará hoje em câmara ardente na Igreja da Graça, em Lisboa, a partir das 16:00, realizando-se o funeral, domingo, às 16:00 para o Cemitério dos Prazeres.
NL.
Lusa - 27.11.2004
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