Lisboa, 02 Nov (Lusa) - A nova revista, "Arre PotterÓ qu+é demais", que estreia quarta-feira no Teatro Maria Vitória, em Lisboa, é descrita por um dos seus autores como uma peça de "intervenção política".
Mário Raínho, um dos autores e encenador, afirmou à agência Lusa que esta revista "tem uma intervenção política" pois "está na hora da quase luta".
Ao longo dos diversos quadros que compõem a revista surgem críticas à situação sócio-económica de Portugal e à política, nomeadamente ao primeiro-ministro e ao Parlamento.
O Presidente da República não escapa também às críticas já que, no quadro "quarto de bonecas", a bailarina (representada por Carla Andrino) entre várias críticas "ao corre-corre do quotidiano" e à "dança das cadeiras da política", interroga: "e tu não vês este bailado, coreógrafo Sampaio?!?".
A presença militar portuguesa no Iraque é também criticada pela bailarina que termina a sua rábula exortando: "Vamos lá meu povo, acorda!".
O quadro de abertura é a escola de feitiçaria onde estuda Potter, a quem dois "portugas", vestidos com cachecóis da selecção de futebol, vão pedir ajuda pois "Portugal não tem remédio. Só lá vai com magia", segundo afirma uma das personagens.
O cenário é Lisboa: a gare do Oriente, os telhados da cidade e o Tejo. Um galego e um português, proprietários, cada um, de uma tenda de venda de vinhos e petiscos debatem entre si rivalidades, lamentando "o mau ano turístico" até que surge uma espanhola "de grande rabona".
A actriz Odete Santos veste a pele de uma princesa espanhola, Letícia, que afirma que os empreendimentos realizados junto da fronteira são "para quando Portugal for ao fundo, Espanha ficar com vista pró mar, olé!".
Ao logo da revista são parodiados vários eventos, desde o Euro 2004 ao Rock in Rio, passando pelo Túnel do Marquês (em Lisboa), o concerto de Madonna e até a candidatura do Fado a Património da Humanidade.
"Arre Potter qu+é demais" foi escrita por Mário Raínho e Nuno Nazareth Fernabes e conta com Herman José, que se estreia como autor de revista.
Além de Odete Santos e Carla Andrino, constituem o elenco Heitor Lourenço, Paulo Vasco, Alice Pires, Mané Ribeiro, António Vaz Mendes, Isabel Amaro, Melânia Gomes e Ricardo Monteiro.
Raquel Tavares é a atracção fadista interpretando dois fados, Miradouros de Lisboa" e um outro em homenagem ao fadista Fernando Maurício, falecido há um ano, enquanto a cantora Mónica Sintra faz a sua estreia no teatro de revista como atracção nacional.
A encenação e direcção são de Mário Raínho e a música de Nuno Nazareth Fernandes, Carlos Alberto Moniz e Mário Rui.
José Costa Reis assina os cenários e figurinos, enquanto as coreografias são de José Carlos Mascarenhas.
Mário Raínho disse à Lusa tratar-se "de uma nova revista na atitude e pela forte crítica social e política, não esquecendo todo o seu riquíssimo património histórico".
Ao longo dos textos são evocadas figuras como Max, Simone de Oliveira e Tonicha que pisaram várias vezes os palcos da revista e são feitas várias referências "ao Parque Mayer de outrora" além de ser introduzida a personagem de a "velha actriz" (encarnada por Isabel Amaro).
Segundo revelou Mário Raínho, esta revista é "uma aposta forte e ousada, dado o abandono a que foi votado o Parque Mayer depois de criadas algumas expectativas, mas a que não faltará público".
A comicidade dos quadros, a oportunidade da sátira política e social, às vezes mordaz, são os factores apontados por Mário Raínho que contribuirão para o sucesso de "Arre PotterÓ qu+é de mais".
NL.
Lusa/Fim
Teatro:Herman José estreia-se como autor de revista em "Arre Potter qu'é demais"
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