Quatro discos de Tony de Matos, Max, Carlos Guedes de Amorim e Vicente da Câmara serão editados na próxima semana, no âmbito da série discográfica "Biografias do Fado".
A vertente fadista da carreira do cantor de charme Tony de Matos, criador de êxitos como "Só Nós Dois", "Lado a Lado" ou "Vendaval", é evidenciada no CD da série "Biografias do Fado".
Em 1948, Tony de Matos, que já se apresentara na Emissora Nacional, conseguiu um contrato na mais prestigiada casa de fados de então, o Café Luso, por intermédio do fadista Júlio Peres.
Quando se radicou em 1957 no Brasil, a par dos discos que gravou, actuou no restaurante O Fado, no Rio de Janeiro.
O fado voltou a marcar a sua carreira quando regressou a Portugal em 1961 e se tornou "atracção nacional" de várias revistas.
Na década de 1980, fundou em Lisboa com os fadistas Carlos Zel e Filipe Duarte o restaurante Fado Menor.
O CD editado pela EMI-VC reúne 20 fados, desde alguns mais conhecidos como "Lisboa à noite" (Carlos Dias/Fernando Santos), "Estranha forma de vida" (Amália Rodrigues/Alfredo Duarte) ou "Sei finalmente" (Linhares Barbosa/Armando Freire), a fados criados por si, como "Lugar vazio" (Fernando Farinha/Alberto Correia), "Mas falta escrever na lua" (Júlio de Sousa/Álvaro Martins) ou "Procuro e não te encontro" (António José/Nóbrega e Sousa).
As gravações, agora digitalizadas, foram efectuados entre 1962 e 1967 nos estúdios Valentim de Carvalho. Além de uma biografia do "cantor de voz romântica", como o apelidou a poetisa Natália Correia, há o registo das datas de gravações e os acompanhantes.
Daniel Gouveia, que assina o texto de apresentação afirma que "Tony de Matos trouxe um estilo muito próprio, feito de uma postura e uma expressão gestual características", tornando-se "um fadista de corpo inteiro, e um dos mais marcantes".
Natural do Porto, onde nasceu em 1924, Tony de Matos faleceu a 08 de Junho de 1989, em Lisboa, vítima de doença prolongada.
Na mesma série discográfica é editado um CD que reúne 16 fados interpretados por Carlos Guedes de Amorim.
Sobre o fadista, Daniel Gouveia afirma: "A sua voz não é forte, mas é bem timbrada, afinadíssima, dominando o compasso como poucos e com um poder de interpretação não só muito próprio como superior em originalidade".
Arquitecto de profissão, Carlos Guedes de Amorim contactou primeiro com o fado aos 15 anos na casa da poetisa Maria Manuel Cid, na Chamusca, espaço de tertúlias fadistas com nomes como Maria Teresa de Noronha, António Melo-Correia, Fontes Rocha e João Ferreira-Rosa.
Entre os fados escolhidos neste CD encontram-se "Senhora" (M.
Manuel Cid/Armando Machado), "Grande farra" (Diniz Chambel/José Marques) ou " Fraga" (João Fezas Vidal/Alain Oulman).
Quanto a Vicente da Câmara, ficará sempre ligado ao fado "A moda das tranças pretas", de sua autoria, com música de Lino Teixeira.
O fadista iniciou-se na Emissora Nacional, em 1948, por influência da sua tia, Maria Teresa de Noronha. Em 1950 grava os primeiros discos para a Valentim de Carvalho. A sua carreira internacional começa a ter maior fôlego a partir de 1982.
O guitarrista José Pracana, que assina o texto de apresentação, salienta a sua "entrega generosa ao fado desde o seu começo até aos dias de hoje".
Com as suas canções, Max arrebatou as plateias nacionais e internacionais, nomeadamente nos Estados Unidos, onde foi vedeta do programa de Groucho Marx, em 1956. No ano seguinte fez uma digressão pelos Estados Unidos, actuou no Carnegie Hall e na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
O madeirense que chamara à atenção no programa radiofónico "Passatempo APA" cultivou sempre um grande interesse pelo fado "dotado de grande sensibilidade e sentido musical" como escreve no texto de apresentação Francisco Mendes.
Para além de intérprete, Max foi também compositor, assinando as temas como "A Micas das violetas" ou "Menina das tranças louras", êxitos ao lado de "Pomba branca", "Porto Santo" ou "Vielas de Alfama".
Sobre esta compilação de 20 fados, Daniel Gouveia salienta o "estilar contido, sóbrio, mas intenso de sentimentalidade".
Entre outros fados, encontram-se "Rosinha dos limões" (Artur Ribeiro), "Tenho saudades de mim" (Fernando Peres/Júlio Peres), "Fiz leilão de mim" (Artur Ribeiro/Max) ou "Não voltes" (Reinaldo Varela).
Natural da Ilha da Madeira, onde nasceu em 1918, Max, que pretendia ser barbeiro e foi alfaiate de profissão, obteve a carteira de profissional do espectáculo em 1944. Dois anos mais tarde actuou em Lisboa, ainda como solista do Conjunto de Tony Amaral, com o qual participou no "Passatempo APA" que se realizava no Cinema Éden.
Realizou várias digressões tanto em Portugal, como nas ex- colónias e nos EUA, Austrália, Alemanha e Brasil.
As gravações agora digitalizadas foram todas realizadas entre 1961 e 1967, quando o artista era primeira figura da revista.
Max, que faleceu a 29 de Março de 1980, é acompanhado em todos os fados pelo conjunto de guitarras de Raúl Nery.
NL.
Lusa - 25.11.2004
Alguém me pode fazer o favor de dizer quantos discos já foram editados desta serie ? conheço os seguintes: alfredo marceneiro, berta cardoso, carlos guedes amorim, carlos ramos, fernando farinha, lucilia do carmo, maria teresa noronha, max, tony de matos e vicente da camara. obrigado pela ajuda que possam dar. [email protected]
Posted by: jose ferreira | 10-03-2014 at 20:37