As investigações no âmbito da candidatura do Fado a Património da Humanidade começarão em Janeiro, sob a direcção da etnomusicóloga Salwa Castelo-Branco, disse hoje o porta-voz dos consultores do Museu do Fado, Carlos do Carmo.
Em declarações à agência Lusa, Carlos do Carmo, afirmou que "nos próximos dez meses as equipas vão trabalhar, recolhendo exaustivamente todos os testemunhos de quem possa estar ligado ao universo fadista".
"Queremos ouvir desde os fadistas, aos poetas, instrumentistas, músicos, todos aqueles que de alguma forma estejam ligados ao mundo do fado", enfatizou o fadista.
"Nada no mundo do fado poderá ser estranho a esta candidatura", rematou.
Os consultores do Museu do Fado, em acordo com os investigadores Salwa Castelo-Branco e Rui Vieira Nery, estabeleceram um prazo de dez meses, a partir de Janeiro, para a apresentação da candidatura à UNESCO (organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em Paris.
O fadista explicou que o projecto de candidatura requer "uma extensa e aprofundada investigação que envolve um levantamento discográfico e bibliográfico" que será faseado em dois tempos.
A candidatura "substancia dois projectos de trabalho, um a três e outro a cinco anos", adiantou Carlos do Carmo.
Estes objectivos tinham sido já enunciados à Lusa pelo musicólogo Rui Vieira Nery, em Abril, que defendeu "um programa de investigação sério, na sistematização de fundos documentais".
A candidatura do Fado a Património da Humanidade foi uma ideia do então presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes, que autarquia aprovou por unanimidade a 04 de Fevereiro.
"Desde então o grupo de consultores não tem estado parado, nem de costa viradas para a realidade fadista.Temos delineado projectos, procurado pistas de abordagem, conversado com os académicos, nunca esquecendo a ligação do pressuposto teórico essencial à candidatura com o que se passa no terreno", disse Carlos do Carmo.
Inicialmente, estava previsto apresentar a candidatura em Setembro à categoria de Obra-prima do Património Oral e Imaterial da Humanidade, mas o grupo de consultores decidiu optar pela categoria de Património Intangível.
Esta decisão veio ao encontro do que já anunciara à Lusa o presidente da comissão nacional da UNESCO, José Sasportes, segundo o qual esta categoria seria extinta até 2005, dando lugar à categoria de Património Intangível.
Esta candidatura mereceu o aplauso de elementos do "universo do fado", entre eles a poetisa Maria de Lourdes Carvalho, autora do fado "Gota abandonada", espera que com esta candidatura "o fado seja olhado como merece".
A fadista Maria Amélia Proença, com uma carreira de mais de 50 anos, afirmou à Lusa que "só o simples facto de pensarem no fado, é importante e chama atenção para uma canção que tanto tem divulgado a Cultura portuguesa e constituiu um elemento identificativo".
NL.
Lusa - 23.12.2004
Recent Comments