Lisboa, 05 Jul (Lusa) - Êxitos de Lenita de Gentil, cantora com 35 anos de carreira, são editados a 18 de Julho, pela primeira vez em formato digital, pela Movieplay Portuguesa, entre eles está "Preciso de espaço".
A selecção dos 30 temas é de Ema Pedrosa, da Movieplay, que sublinhou à agência Lusa "que cedo se previu que Lenita, que começou a cantar aos 16 anos, tinha todas as potencialidades para se tornar uma grande cantora".
Esta responsável salientou "a forma versátil e intuitiva" de Lenita que lhe permite "estar à vontade na canção ligeira onde alcançou enormes êxitos ainda na década de 1980, como no fado, canção de Coimbra, marchas populares e folclore".
O duplo álbum reúne, entre outros, o seu primeiro grande êxito, "Tarde triste no Campo Pequeno", um pasodoble de Resende Dias com letra de José Guimarães, dedicado à memória do cavaleiro tauromáquico Joaquim José que morreu durante um lide naquela praça.
"A Lenita somou êxitos numa altura em que não havia discos de ouro, mas que somou grandes sucessos tendo representado Portugal em vários festivais internacionais, de onde trouxe primeiros lugares, por exemplo de Aranda Del Duero (Norte de Espanha) ou Prémios da Crítica", disse Ema Pedrosa.
Na década de 1970 Lenita começou a cantar também fado, tendo sido a primeira artista ligeira a editar um álbum neste genro musical.
Desse álbum são reeditados alguns temas, nomeadamente "Tantos do tal" de Artur Ribeiro, e que fez grande sucesso.
"A versatilidade e potencialidade da voz da Lenita permite-lhe abordar tanto o fado como a canção coimbrã e a ligeira", disse o estudioso de fado, Luís de Castro, que salientou "o seu enorme profissionalismo e a grande entrega em palco".
"Fui talvez das primeiras cançonetistas a gravar fado atraída pela sonoridade da guitarra portuguesa, faço-o porque gosto e respeito muito. Canto o fado porque sei que o faço com qualidade e sem o desprestigiar", disse a cantora à Lusa.
Por seu lado, Luís de Castro considerou que "Lenita Gentil soube imprimir ao fado uma dinâmica própria e pessoalíssima. Recriando fados conhecidos, soube sempre dar-lhes a sua interpretação sem nunca imitar ninguém".
Logo após 25 de Abril de 1974, com o tema "Partir e voltar" de José Cid, Lenita alcança um dos seus maiores êxitos.
A canção procura retratar o regresso dos que por razões políticas ou económico-sociais deixaram Portugal e regressam após a Revolução dos Cravos.
Nesta mesma década dá-se o seu encontro com o poeta Vasco de Lima Couto de quem interpreta temas como "Preciso de espaço", incluído nesta antologia, e que "ainda hoje é o seu cartão de visita", disse Ema Pedrosa.
"Nesta época Lenita Gentil mantinha-se semanas as fio nos tops de venda, o que veio a suceder na década seguinte, com temas assinados por Arlindo Carvalho, como `Canção de Oledo'" e sobretudo de Carlos Paião com o tema `Eles foram tão longe'", disse Ema Pedrosa.
Os dois temas integram também esta antologia ao lado de outros como "Risos, rosas, versos e prosas", "Outro galo cantará" ou "Ainda ontem era azul".
A crítica especializada tem referido que Lenita Gentil passou ao lado de uma carreira maior fôlego dado a sua versatilidade e capacidades vocais.
Em declarações à Lusa a artista afirmou ter "clara consciência disso", mas não por culpa sua.
"Não tenho uma máquina de propaganda atrás de mim, e muitos dos bons poetas que cantei, entretanto desapareceram e fazem muita falta à música portuguesa pelo cunho de qualidade que imprimiam", disse.
Lenita Gentil, natural da Marinha Grande, iniciou a sua carreira aos 16 anos aos microfones dos Emissores Reunidos do Norte, no Porto, pela mão do maestro Resende Dias.
Dessa noite lembra-se de ter cantado a "Canção das praias" de Maria de Lourdes Resende.
Participou em vários festivais tanto nacionais como estrangeiros, designadamente da Figueira da Foz, que venceu em 1967, o da RTP (em 1971 e 1989), de Aranda del Duero (que venceu em 1966 e 1968), México, Polónia, Roménia e nas Olimpíadas da Canção na Grécia, onde recebeu o Prémio da Crítica.
Em 1968 ganhou o Óscar da Imprensa, no mesmo ano em que venceu o Festival da Canção da Costa Verde, que se realizava no Casino de Espinho.
Actualmente canta diariamente no restaurante típico O Faia, em Lisboa, para além das várias digressões que realiza, nomeadamente junto das comunidades portuguesas.
NL. |
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