Poucas pessoas terão feito tanto pela cultura em Portugal, nestes últimos 40 anos, como João Braga, por quem tenho a mais profunda das admirações. Tendo cantado com Maria Teresa de Noronha, Carlos Ramos, João Ferreira-Rosa, Teresa Tarouca e António de Mello-Corrêa, passou pela Taverna do Embuçado e por tantos outros sítios paradigmáticos do Portugal que nos está nas veias. "João Braga é um clássico", como escreveu Paulo Portas em 1990, ao reconhecer a grandeza de um homem a quem a Pátria tanto deve, tal como a um Botto ou a um Pessoa. Tendo conhecido as agruras do exílio, em Madrid, de 1974 a 1976, veio de lá para continuar a divulgar Vasco de Lima Couto, António Calém, Pedro Homem de Mello, Manuel Alegre e Sophia de Mello Breyner, numa autêntica cruzada que lhe deveria merecer uma grande consagração nacional. Foi graças a ele que passámos a conhecer Maria Ana Bobone, Ana Sofia Varela e tantos outros valores que nesta última dúzia de anos se afirmaram no fado, numa meritória actividade didática que nos leva até às lágrimas. Raramente se viu um artista fazer tanto para ajudar os mais novos, abrindo-lhes amplos horizontes. Agora, aos 60 anos, bom era que a autarquia de Lisboa lhe viesse a erguer uma estátua, para ensinamento das gerações futuras.
Jorge Heitor - 11 de Julho de 2005
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