(Lusa) - A Associação Portuguesa dos Amigos do Fado (APAF) encerra domingo em Lisboa o ciclo comemorativo dos seus dez anos de existência com uma proposta de reflexão aos sócios sobre seu papel futuro.
"O que propomos aos associados, neste encontro, é perspectivar o papel futuro de uma associação que até aqui desempenhou um papel pioneiro na divulgação fadista", disse à agência Lusa a presidente da APAF, Julieta Estrela.
A responsável frisou que "antes de o fado estar na moda e de surgirem vários estudos e palestras sobre o universo fadista, foi a APAF quem tomou a iniciativa de falar sobre o fado, organizando exposições, debates e encontros como o que acontecerá domingo".
Todavia, "toda estas iniciativas surgiram do trabalho voluntário da associação, sem quaisquer apoios oficiais".
Julieta Estrela reconhece que a "vida associativa passa por uma crise, mas não se pode deitar fora um trabalho de dez anos".
As comemorações do décimo aniversário começaram em Outubro passado e delas constou um conjunto de palestras sobre poetas do fado, "no que foi o primeiro levantamento sério feito de nomes como Francisco Radamanto, João Mata, António Vilar da Costa e Armando Neves".
Também as Jornadas de Fado, realizadas na Fonoteca Municipal com a participação de Carlos do Carmo, Gabriela Canavilhas, Vítor Duarte Marceneiro e Mariza, se enquadram nas comemorações.
"Sem qualquer apoio, para além da cedência do espaço e a boa vontade da sua directora, voltámos a falar de fado e a questionar o seu papel como agente cultural, com uma casa cheia", lembrou Julieta Estrela.
As Jornadas, que foram transmitidas pela Antena 1, começaram em 1996 quando a APAF decidiu lembrar os 150 anos da morte da fadista Severa.
"Também nesse ano realizámos de Outubro a Outubro várias iniciativas em que se envolveu a cidade. Nenhuma outra instituição ou organismo o fez, o que aconteceu partiu sempre da APAF", afirmou Julieta Estrela.
Quanto ao futuro Julieta Estrela afirmou ser uma "incógnita" porém com a certeza "que há que enveredar por um caminho, tendo em conta o trabalho feito".
Ainda este ano, a APAF conta realizar um projecto "de âmbito arquivístico" no Museu do Fado.
Fundada a 23 de Outubro de 1994, a APAF é uma associação de carácter cultural e artístico, sem fins lucrativos e baseada na participação voluntária dos seus associados.
Como objectivos definiu "o estudo do Fado no seu contexto histórico-cultural como elemento fundamental da cultura portuguesa".
NL.
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