Lisboa, 16 Jul (Lusa) - Madredeus e Mariza lideram o cartaz da música portuguesa no estrangeiro, que é escutada hoje desde a Islândia à Nova Caledónia e longe da hegemonia amaliana de outras eras.
A lista de nomes portugueses que actuam para plateias estrangeiras é cada vez mais extensa e até Carla Pires, uma fadista praticamente desconhecida em Portugal, este ano actuou já em dois festivais internacionais em Itália.
Segundo números fornecidos pelas respectivas promotoras e editoras, contabilizando discos vendidos, concertos realizados e agendados para este ano no e strangeiro, a criadora de "Cavaleiro monge" e os Madredeus lideram a presença musical portuguesa no mundo.
O grupo de Pedro Ayres Magalhães e Teresa Salgueiro começou a internacionalizar-se na década de 1990, depois da sua actuação em Bruxelas em 1991, no âmbito da Europália.
Na mesma década surgiram também para os palcos internacionais Mísia e Dulce Pontes, outros dois nomes da linha da frente.
Hoje os Madredeus somam centenas de actuações em locais tão distintos como Paris ou Luanda, e este ano o seu som far-se-á ouvir em Udine (Itália), Madrid, Caracas, Budapeste, Londres e Tóquio, entre outras cidades.
Segundo Pedro Ayres Magalhães, os Madredeus prosseguem a senda de cantar em português procurando "identificar o canto da saudade com o canto optimista do coração de toda humanidade".
Mariza impôs-se rapidamente no mercado internacional e até nacional, para o que terão contribuído os vários prémios internacionais que recebeu, nomeada mente o da BBC Rádio4 que, em 2002, a considerou Melhor Artista da Europa na área de World Music.
A fadista tem actuado nos mais distintos palcos, desde o Cairo ao Le Carré de Amesterdão, passando pelo Hollywood Bowl (Los Angeles) e Lincoln Center ( Nova Iorque), estes três últimos já pisados por Amália.
Este ano actuará no Royal Albert Hall, em Londres, e fará uma digressão que a levará à China, Malásia, Coreia do Sul e Tailândia.
Mariza, Prémio Amália Internacional o ano passado, afirmou à agência Lusa que o fado "continua a ser a grande referência musical de Portugal no estrangeiro".
Segundo a artista, que em cinco anos de carreira vendeu já um milhão de discos, "há um acentuado interesse pela música que se faz em português".
David Ferreira, presidente da EMI Music Portugal, aposta "no universo da lusofonia" como um porta de saída não só da música nacional como de um todo que se imponha face à globalização.
Para o editor, Portugal pode jogar "uma cartada forte neste sentido" através da Plataforma pela Música, um organismo que congrega editores, promotoras, produtores, etc.
Nomes de artistas portugueses surgem com crescente assiduidade nos palcos internacionais e nas listas de vendas, o que não acontecia há 30 anos.
O álbum "Transparente", de Mariza, atingiu os tops da Holanda, Finlândia e o Billboard de World Music na Europa e Estados Unidos, e Cristina Branco recebeu vários discos de ouro pelas vendas alcançadas na Holanda.
Segundo David Ferreira, este é "um mercado que tem obrigação de crescer " e, nesse sentido, as suas expectativas são positivas.
O género fado é ainda o preponderante, de Mariza a Cristina Branco, passando por Camané, Kátia Guerreiro, Ana Moura, Mafalda Armauth, ou nomes que timidamente procuram entrar no mercado, casos de Joana Amendoeira ou outros que, trilhando antigos percursos da emigração, espreitam o "mainstream".
"Hoje em dia, além dos muitos espectáculos, a saída de novos álbuns, tanto da Mariza como dos Madredeus, acontecem de imediato em 30 ou mais países, e isto passa-se com outros artistas", disse à Lusa David Ferreira.
"Os Madredeus, por exemplo, já venderam mais de três milhões de discos em todo mundo", disse.
Mísia, actualmente a residir em Paris, saltou para a ribalta internacional logo com o seu primeiro disco, em 1991.
"Fiz uma digressão por Espanha e no ano seguinte actuei no Japão, onde já fui 14 vezes", disse a artista à Lusa.
Mísia estima que em todo o mundo já vendeu mais de um milhão de discos.
"Levei o fado a palcos onde ele nunca tinha estado, nem com a Amália, como a Austrália, Turquia ou a Nova Zelândia, além de palcos exclusivos do canto lírico como o Teatro Chatelet, em Paris, ou o Festival de Teatro de Avignon", disse.
Fora do fado, e além dos Madredeus, outros nomes têm já um público seguro além fronteiras, nomeadamente Rodrigo Leão, que está em digressão por palcos italianos, o contrabaixista Carlos Bica, os Moonspeel, Dazkarieh ou Dulce Pontes , cuja carreira internacional começou em 1993 com a edição do álbum "Lágrimas", onde recriava temas de Amália e Zeca Afonso.
A cantora tinha já conquistado um 8º lugar no festival da Eurovisão, em 1991, mas é com "Lágrimas" que o seu nome percorre os palcos internacionais, ac tuando desde a Europa ao Brasil, Japão e Estados Unidos.
Em 1997, Dulce Pontes entra em digressão quase permanente, actuando, entre outros espectáculos, no concerto comemorativo do 52º aniversário das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Em 1999 editou "O primeiro canto" (Prémio José Afonso 2000), resultado de mais uma procura de sonoridades, e em 2003 "Focus" com o compositor italiano Ennio Morricone, com quem já trabalhara em 1995.
Em 2004 recebeu o Prémio Amigo para a Melhor Intérprete Latina da Associação Fonográfica e Videográfica Espanhola e o Prémio internacional Tenco 2004, pelo Club Luigi Tenco de Sanremo (Itália).
Actualmente, a cantora está em digressão por Espanha e planeia editar um disco de fado, intitulado "Por dentro do fado".
Luís Represas, a celebrar 30 anos de carreira, tem actuado algumas vezes fora do país, nomeadamente em Cuba. Este ano já se apresentou em Barcelona e Buenos Aires, e ainda este mês actuará em São Paulo, no Brasil e em Novembro em L uanda.
Na rampa de lançamento de uma carreira internacional estão os Da Weasel (Prémio MTV Portugal), que já actuaram em Macau e Madrid e em Novembro passado com grande sucesso no Olympia de Paris.
Este ano contam voltar a Paris, para actuar no Zenith, e segundo fonte da sua editora, "há planos para mais actuações no estrangeiro".
O cartaz da música portuguesa além fronteiras é cada vez mais vasto em termos de nomes e géneros, desde o fado à área electrónica, com o recente sucesso dos Mesa, que em 2005 receberam o Dance Club Award na categoria de melhor disco do ano.
Artistas com décadas de carreira também conhecem agora os aplausos internacionais, casos de Argentina Santos ou Maria Amélia Proença, que prevê cantar no Outono na Áustria e foi já aplaudida no Le Carré de Amesterdão.
NL.
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Olá
Primeiramente gostaria de parabenizar pelo magnifico trabalho.
Sou regente de um coral na cidade de Limeira- Sp- Brasil e estou a procura da partitura do fado: É tão linda a minha aldeia.
Pode ser partitura pra piano mesmo, ou coral, melhor ainda.
Se puderem me ajudar, desde já fico muito agradecido.
Grato
Alexandre Seregati
Brasil
Posted by: Alexandre Seregati | 20-08-2007 at 18:59