A fadista Celeste Rodrigues actua terça-feira no Concertgebouw, em Amesterdão, e no dia seguinte na igreja de São Martinho em Martinikerk (Groningen), acompanhada por Ricardo Parreira (guitarra portuguesa), Miguel Monteiro (viola) e João Penedo (viola-baixo).
O alinhamento destes dois espectáculos será baseado no seu álbum "Fado Celeste", editado o ano passado na Holanda e ainda sem edição em Portugal.
O CD chega ainda este mês aos mercados escandinavo, francês e italiano, "sendo possível que venha a realizar outras actuações no estrangeiro", disse à Lusa a fadista.
"O público tem sido muito bom para mim, não me posso queixar", disse Celeste Rodrigues que se afirmou "muito contente por mais esta aventura".
"Fado Celeste" reúne fados tradicionais e inéditos com letras de autores contemporâneos.
"Para mim é muito importante o poema, e depois oiço o trinar das guitarras e acontece, mais não sei dizer, até porque não percebo nada de fado, o fado é para se sentir", sentenciou.
Celeste Rodrigues gravou três poemas de Helder Moutinho ("gosto muito da forma como escreve", disse) e outro de Tiago Torres da Silva, autor do tema que dá título ao álbum.
"Gravei também um fado do Jorge Fernando, música e letra, de que gosto muito, 'Ouvi dizer que me esqueceste', e um do José Luís Gordo, que canto há muito tempo e é lindíssimo, 'O meu nome baila no vento'", afirmou.
Celeste Rodrigues, 84 anos e mais de meio século de carreira, afirmou que o seu sonho não era "ser artista", mas "gostava imenso de cantar no meio dos fadistas, não em público".
O ano passado a fadista foi homenageada pela Associação Portuguesa dos Amigos do Fado (APAF) no Museu do Fado, em Lisboa que lhe reconhecem "a voz bonita, capacidade interpretativa e a regularidade de uma carreira".
"A Celeste Rodrigues, com uma carreira de mais de 50 anos, está a cantar melhor do que alguma vez cantou, com uma voz muito bonita e uma capacidade interpretativa extraordinária", afirmou à Lusa a presidente da APAF, Julieta Estrela de Castro.
A sua carreira começou em 1945 quando o empresário de espectáculos José Miguel a ouviu cantar "numa roda de amigos" e a contratou imediatamente para o Café Casablanca, em Lisboa (actual Teatro ABC).
Já actuou nos mais variados palcos nacionais e internacionais, além de uma presença constante nas casas de fado, designadamente A Viela, Parreirinha de Alfama, O Embuçado, Bacalhau de Molho e Casa de Linhares.
Entre os seus êxitos refiram-se "A lenda das algas" (Laierte Neves/Jaime Mendes), e "Saudade vai-te embora" (Júlio de Sousa).
NL. - Lusa/Fim - 09.02.2008
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