A fadista Aldina Duarte edita esta semana o seu terceiro álbum, "Mulheres ao espelho", o primeiro com uma capa colorida, como sublinhou à Lusa, por ser o que revela "maior harmonia entre a alegria e a tristeza".
"Espelho de mulheres" é editado pela Roda-Lá Music, etiqueta criada pela artista que, perante "portas fechadas", decidiu "arriscar".
Neste álbum de capa colorida, design de Rui Garrido e fotografia de Isabel Pinho, além do fado tradicional, Aldina Duarte canta fados canção.
A fadista canta cinco poemas seus e dois de Rosário Pedreira, “poeta” com que fecha o CD declamando "Mãe", de sua autoria.
O primeiro verso do poema reza assim: "Mãe, eu quero ir-me embora - a vida não é nada".
Aldina afirmou à Lusa que "o poema da Maria Rosário fala de uma coisa que ninguém quer ouvir mas sobre a qual devemos pensar, para a qual temos de conseguir olhar e até por solidariedade com quem viveu por aquela situação".
"Foi uma situação pela qual uma amiga minha passou e há coisas que são duras e não queremos pensar, mas essa não é atitude certa", acrescentou.
Maria José da Guia, Hermínia da Silva e Lucília do Carmo são três fadistas a quem presta homenagem por lhe "servirem de espelho".
De Maria José da Guia, falecida em 1992, canta "Bairro divino" (Álvaro Duarte Simões); de Hermínia Silva, que morreu a 13 de Junho de 1993, "A rua mais lisboeta" (Lourenço Rodrigues/Vasco Macedo); e de Lucília do Carmo, falecida há nove anos, interpreta "Não vou, não vou" (Júlio de Sousa/Mário Moniz Pereira).
"São três mulheres que me servem de espelho na minha profissão de fadista", sublinhou.
Mas não é "este espelho" a razão única da escolha do título do álbum. Segundo Aldina, "este espelho espelha também histórias com princípio, meio e fim de muitas mulheres".
"Vi-me em muitas mulheres quando idealizei este álbum", explicou.
Acompanham a fadista os músicos que com ela gravam desde o primeiro álbum, José Manuel Neto na guitarra portuguesa e Carlos Manuel Proença na viola (Prémio Amália Rodrigues 2008), que também assina a direcção musical.
Interessada nas "coisas do fados e nas suas histórias e história", Aldina Duarte afirmou à Lusa que este seu trabalho de "constante pesquisa" é "um instrumento do fado" e que ouvindo e conhecendo vai "apurando o ouvido e a sensibilidade".
Actualmente empenhada na divulgação deste álbum, a fadista tem em projecto um programa de rádio e agendados vários espectáculos.
Dia 04 de Julho actua no Cine-Teatro Batalha no Porto, mas antes apresenta "Espelho de mulheres", dia 28 de Junho, na FNAC Chiado (Lisboa), pelas 18:00.
Dia 07 de Julho actuará em Berlim, no âmbito do Festival Internacional de Poesia, e 13 do mesmo mês inicia um ciclo de apresentações aos domingos na Fábrica de Braço de Prata, em Xabregas, Lisboa.
"Apenas Amor", de 2004, foi o álbum de estreia da fadista, que começou a cantar aos 24 anos e se afirma admiradora de Camané, Beatriz da Conceição, Maria da Fé, Mariza e Carlos do Carmo.
O disco foi bem acolhido pela crítica e público e em 2006 editou "Crua", um álbum composto exclusivamente por poemas de João Monge.
Aldina Duarte, natural de Lisboa, cresceu em Chelas, começou a trabalhar aos 20 anos num jornal e passou depois pela rádio.
Cantou no coro de uma banda, os "Piranhas Douradas", e trabalhou no Centro de Paralisia Cerebral, onde deu o seu primeiro espectáculo.
Camané, Mariza, Pedro Moutinho e António Zambujo, são alguns dos fadistas que interpretam poemas de sua autoria.
NL. - Lusa - 06.06.2008
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